sexta-feira, agosto 18, 2006

"Quinze Segundos..."

Saudações, leitores!!

Copa do Mundo nunca foi para mim algo que merecesse atenção por mais de uma hora. Não que eu esteja desprezando a atividade em sí ou os jogadores. Apenas acho que futebol pode ser um pretexto para descarregar energias de forma, as vezes, até violenta.

Sim, eu sei!! A Copa do Mundo já acabou, e eu não deveria reavivar esse assunto. Essa, porém, é uma ocasião diferente. Foi durante um jogo da Copa que eu acabei me deparando com uma questão filosófica um tanto interessante e polêmica.

Imaginem vocês a seguinte situação: está para começar uma partida, e instintivamente ligamos a TV no canal aberto monopolista, cujo nome não convém citar. A narração fica por conta de alguém que não tem uma boa imagem junto aos seus 'ouvintes', e que por vezes tece comentários absolutamente nonsense, não pertinentes à partida. Minha primeira reação foi deixar a televisão no mudo, e deixar me levar pela beleza plástica da imagem de 22 'palitinhos' correndo atrás de uma bola. Meus ouvidos agradeceram, mas a agonia por não ouvir o jogo me deixaram de sobremaneira agitado, inquieto até. Ligo o rádio. Ah, assim sim!! Tinha eu então duas fontes de emoção, sendo uma auditiva e a outra visual.

Paro por um segundo, e me espanto. Tem algo errado!! Mal sabia eu - mas também não demorei para constatar - que havia um gap entre o que via e o que ouvia. Enquanto na tv mostrava o brasileiro correndo a todo pulmões atrás do jogador de Gana, o rádio anunciava a retomada de bola do time Canarinho. Sim, era coisa de 15 segundos.

Apavorado com essa realidade totalmente inexpectada, desliguei as duas fontes de informação. Fiquei na sala por um tempo, imóvel. Veio-me então a questão filosófica: "E se na vida pudessemos ver as conseqüências dos nossos atos - 15 segundos ANTES de tomarmos a efetiva decisão??". Aos olhos de um ser humano 'rotineiro', como eu, você ou nossos vizinhos, seria prático!! Acidentes de carros poderiam ser evitados, atropelamentos ou qualquer outra coisa de natureza incógnita e imprevisível.

Fui adiante na questão. Por um momento, fecho meus olhos e entro em campo. Tomo o lugar de uma pessoa por vezes ausente, mas sobre quem sempre recaem glorias ou tristezas: o goleiro. Imaginem que um companheiro do seu time cometa um penalti. Estamos em fase eliminatória, a chamada 'mata-mata'. O relógio do estádio indica 39 minutos do segundo tempo. Quinze segundos antes de o oponente chutar a bola....você SABE que ele vai chutar p/ direita. Pula para o lado certo, a agaraa a bola feito uma águia atrás do seu ratinho.

A questão foi ainda mais longe, e cheguei até a teoria do Eterno Retorno de Nietzsche (tema do próximo insight). Em suma, diz a teoria que a vida é um ciclo. A vida se repete impreterivelmente. Nossas ações serão sempre as mesmas, mas não teremos consciência disso. É um jogo de roleta russa, sempre com 50% de chance, em que a mesma agulha vazia é disparada.

Interpolando a minha teoria com a de Nietzsche, topei com uma condicional de existência muito forte. Para a manutenção da minha teoria, era preciso alterar - ao menos - a de Nietzsche. Observem que - se tivéssemos 15 segundos de antevência, poderiamos mudar nossas ações, e não mais cometer o mesmo erro. O goleiro saberia o lado para o qual deveria pular. No próximo retorno, o JOGADOR saberia para que lado o goleiro pularia, e mudaria de lado!!

Percebam que a cilicidade de Nietzsche passaria a ser inválida.

Eu finalizo com uma pergunta: O que você faria se tivesse 15 segundos??

Sem mais

Alexandre Masson

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